segunda-feira, 9 de maio de 2011

Hidrelétrica de Belo Monte terá estação para monitorar terremotos

A Norte Energia, empresa resposável pela construção da hidrelétrica de Belo Monte (11.233MW), instalará equipamentos para monitorar tremores de terra na região do rio Xingu, onde será construída usina.
A Eletronorte, uma das empresas que compõem a sociedade, fornecerá 18 sismômetros e quatro acelerômetros com o objetivo de ampliar a rede de análises de sismos naturais ou induzidos (ocasionados devido ao enchimento dos lagos da usina) nas áreas do entorno dos reservatórios do empreendimento.

De acordo com o responsável pela segurança das hidrelétricas da Eletronorte, o engenheiro Gilson Machado da Luz, "a Eletronorte fornecerá os equipamentos e a Norte Energia será a responsável por instalar e operar arcando com os custos de construção, instalação, operação e transmissão de dados dessa rede, cujos dados obtidos serão compartilhados, com o objetivo de conhecer as condições geológicas da região amazônica". O presente acordo não possui valor monetário devido à sua natureza técnica cooperativa, sem ônus financeiro entre as partes.
Os equipamentos da Eletronorte são parte de um investimento de R$800 mil feito pela estatal em 2009. A preocupação com esses sismos se agravou depois que um tremor de 3,8 pontos na escala Richter atingiu, em 2007, a hidrelétrica de Tucuruí (8.370MW). Na época, o então presidente da empresa, Carlos Nascimento, aprovou a modernização e ampliação dos equipamentos a fim de monitorar e evitar possíveis acidentes nas barragens.
Segundo Gilson Machado, atualmente são monitoradas as usinas de Tucuruí (PA), Samuel (RO) e Balbina (AM). "Iremos aumentar a quantidade de estações nessas usinas, iniciar o monitoramento nas UHEs Coaracy Nunes e Curuá-Una e também instalar estações em áreas de futuros aproveitamentos hidrelétricos vislumbrados pela Eletronorte", disse.
O professor do curso de Geofísica do IAG-USP Marcelo S. Assumpção ressalta que há uma conscientização maior na comunidade mundial sobre o tema. A preocupação com tremores se agravou após o terremoto seguido de tsunami que afetou o Japão no dia 11 de março. Segundo Assumpção, é necessário um estudo maior sobre as regiões de sismologias no Brasil. “Não há como prever terremotos. Nem os grandes, nem os pequenos”, afirmou.
Questionado se o fato de as normas sísmicas brasileira (ABNT-NBR-15421) terem sido criadas baseadas em um mapa sísmico mundial que poderia provocar equívocos de avaliação do impacto que tremores de terra podem causar em construções no País, o especialista foi claro: "sim pode ocorrer equívocos. Pois, na região onde se considera que não tem sismos nenhum, tem sismos. Você pode notar isso, pois o maior tremor já notado, em 1955, de 6,2 na escala Richter, foi em uma dessa regiões consideradas de menor risco", argumenta.
"A preocupação acontece a partir de 6. Porém, a cada cinco anos acontece um abalo de magnitude 5 na escala Richter, que pode abalar uma casa. Pode paralisar um gerador, devido aos dispositivos de segurança que esses equipamentos têm. A probabilidade é muito baixa, mas pode acontecer", enfatiza.
Gilson, porém, explica que não existe uma obrigatoriedade para instalação de estações sismográficas em usinas hidrelétricas, mas as grandes empresas do setor elétrico brasileiro começaram a monitorar esse tipo de fenômeno nas suas principais usinas, principalmente após o sismo na barragem de Koyna, Índia, em 1967, com magnitude 6.3, que causou 200 mortes e severos danos na sua estrutura.

Fonte: Jornal da Energia.

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