A Norte Energia, empresa resposável pela
construção da hidrelétrica de Belo Monte (11.233MW), instalará
equipamentos para monitorar tremores de terra na região do rio Xingu,
onde será construída usina.
A Eletronorte, uma das empresas que
compõem a sociedade, fornecerá 18 sismômetros e quatro acelerômetros com
o objetivo de ampliar a rede de análises de sismos naturais ou
induzidos (ocasionados devido ao enchimento dos lagos da usina) nas
áreas do entorno dos reservatórios do empreendimento.
De acordo com o responsável pela
segurança das hidrelétricas da Eletronorte, o engenheiro Gilson Machado
da Luz, "a Eletronorte fornecerá os equipamentos e a Norte Energia será a
responsável por instalar e operar arcando com os custos de construção,
instalação, operação e transmissão de dados dessa rede, cujos dados
obtidos serão compartilhados, com o objetivo de conhecer as condições
geológicas da região amazônica". O presente acordo não possui valor
monetário devido à sua natureza técnica cooperativa, sem ônus financeiro
entre as partes.
Os equipamentos da Eletronorte são parte
de um investimento de R$800 mil feito pela estatal em 2009. A
preocupação com esses sismos se agravou depois que um tremor de 3,8
pontos na escala Richter atingiu, em 2007, a hidrelétrica de Tucuruí
(8.370MW). Na época, o então presidente da empresa, Carlos Nascimento,
aprovou a modernização e ampliação dos equipamentos a fim de monitorar e
evitar possíveis acidentes nas barragens.
Segundo Gilson Machado, atualmente são
monitoradas as usinas de Tucuruí (PA), Samuel (RO) e Balbina (AM).
"Iremos aumentar a quantidade de estações nessas usinas, iniciar o
monitoramento nas UHEs Coaracy Nunes e Curuá-Una e também instalar
estações em áreas de futuros aproveitamentos hidrelétricos vislumbrados
pela Eletronorte", disse.
O professor do curso de Geofísica do
IAG-USP Marcelo S. Assumpção ressalta que há uma conscientização maior
na comunidade mundial sobre o tema. A preocupação com tremores se
agravou após o terremoto seguido de tsunami que afetou o Japão no dia 11
de março. Segundo Assumpção, é necessário um estudo maior sobre as
regiões de sismologias no Brasil. “Não há como prever terremotos. Nem os
grandes, nem os pequenos”, afirmou.
Questionado se o fato de as normas
sísmicas brasileira (ABNT-NBR-15421) terem sido criadas baseadas em um
mapa sísmico mundial que poderia provocar equívocos de avaliação do
impacto que tremores de terra podem causar em construções no País, o
especialista foi claro: "sim pode ocorrer equívocos. Pois, na região
onde se considera que não tem sismos nenhum, tem sismos. Você pode notar
isso, pois o maior tremor já notado, em 1955, de 6,2 na escala Richter,
foi em uma dessa regiões consideradas de menor risco", argumenta.
"A preocupação acontece a partir de 6.
Porém, a cada cinco anos acontece um abalo de magnitude 5 na escala
Richter, que pode abalar uma casa. Pode paralisar um gerador, devido aos
dispositivos de segurança que esses equipamentos têm. A probabilidade é
muito baixa, mas pode acontecer", enfatiza.
Gilson, porém, explica que não existe
uma obrigatoriedade para instalação de estações sismográficas em usinas
hidrelétricas, mas as grandes empresas do setor elétrico brasileiro
começaram a monitorar esse tipo de fenômeno nas suas principais usinas,
principalmente após o sismo na barragem de Koyna, Índia, em 1967, com
magnitude 6.3, que causou 200 mortes e severos danos na sua estrutura.
Fonte: Jornal da Energia.
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