sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O rastro sujo da energia limpa

Quando falamos em energia limpa, só pensamos em seus aspectos positivos e acabamos esquecendo que nada é 100% eficiente e sem danos ao ambiente. Ou seja, nada é perfeito. Portanto, como uma futura Eng. de Energia, vale salientar que devemos pensar em todos os aspectos quando tratamos de uma fonte de energia. Então selecionei uma matéria que aborda algum dos problemas apresentados pelas energias limpas (em especial solar e eólica), publicada na Revista SuperInteressante, por Robert Bryce. Segue abaixo a matéria.


O rastro sujo da energia limpa 

Todas as supostas vantagens da energia eólica e da energia solar já foram apresentadas à exaustão. Agora é hora de lembrar os problemas delas

Nos últimos 10 anos, países do mundo todo investiram pesado em programas de energia renovável. Afinal, sol e vento são grátis, não é mesmo? O que ambientalistas nem sempre veem é que convertê-los em energia tem um custo alto - em dinheiro e recursos naturais.

Pegue como exemplo a energia eólica. Uma turbina precisa de 50 toneladas de estanho para produzir 1 megawatt de energia. Já com gás natural, uma turbina produz essa mesma energia com apenas 0,3 tonelada de estanho. O vento pode sair de graça, mas precisamos de minérios para erguer a infraestrutura que permitirá gerar energia.

Os minérios não são o único recurso natural exigido pelas energias renováveis. Também temos de encontrar muita terra disponível. Os números mostram por quê: em cada metro quadrado de terreno, é possível gerar 1 watt com energia eólica, 20 vezes menos do que qualquer usina de gás natural. A energia solar precisa de áreas menores. É possível produzi-la no seu próprio telhado, como eu faço: gero 3,2 quilowatts com painéis solares sobre minha casa, o que dá cerca de 30% da eletricidade que eu, minha esposa e nossos 3 filhos consumimos.

O custo de instalação dos painéis tem baixado cada vez mais, e hoje está em US$ 5 mil por quilowatt. Mas é um custo similar ao da energia nuclear - que tem a vantagem de funcionar também à noite. A prática mostra quão dispendiosas podem ser as energias renováveis. O estado americano da Califórnia pretende obter um terço da sua energia (cerca de 17 mil megawatts) de fontes limpas em 2020. Se essa meta for dividida meio a meio entre sol e vento, sera necessário ocupar uma área 5 vezes maior do que Manhattan para os painéis solares e outra 70 vezes maior do que a ilha para as turbinas eólicas. Não que devamos parar de investir em energias renováveis. Mas precisamos ser claros quanto ao retorno que podemos ter com elas. O Brasil é um exemplo: tido como representante da importância do etanol, produz quase 28 bilhões de litros de álcool por ano. É pouco perto do que o país precisa.

Petróleo e gás natural geram 9 vezes mais energia, segundo números da Petrobras. Sem contar o dinheiro que é preciso investir para alavancar as energias renováveis. Alguns países já perceberam que talvez seja um investimento alto demais. Nos EUA, o Senado cortou US$ 6 bilhões de subsídios para o etanol de milho. A Espanha reduziu o apoio financeiro à energia solar e eólica. A solução correta para a questão energética depende das características de cada país.

A energia solar pode ser uma boa alternativa para a Arábia Saudita. A hidrelétrica para o Brasil e para a África Central. Se queremos reduzir as emissões de carbono, devemos olhar para dados e fatos. E não excluir opções como a energia nuclear, que segue como uma das nossas melhores opções, apesar do acidente de Fukushima, no Japão, no início deste ano.

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